sábado, 18 de setembro de 2010

Preparação

Dos mais felizes, provavelmente serei o mais atordoado. O mais fora de si. Revirando os olhos até que girem em todos os ângulos, esperando que as córneas se desgrudem. É a verdadeira alucinação dos desajeitados. Em tons graves de gritos agudos, uma harmonia é construída em porcelana fina e ostensiva.
Da cama afundada, o suor inunda os olhos, fazendo-se lágrimas salgadas e quentes. Abri o sorriso mais desajeitado dos felizes, cantando no silêncio do escuro a música mais celebração do momento. Socando o ar e fazendo gestos. Os tímpanos pulando com o som da caixa da bateria. Os vocais melódicos, transbordando um sentimentalismo sutil. O mundo depois da janela explodiu. Atestando a singularidade da composição, vibro com mais uma descoberta musical. Um mundo virtual ergue-se de novo, preparado pra engolir os aptos a mexer os músculos do rosto, localizados abaixo do nariz. Os olhos fechados, as córneas calmas, o silêncio flutuante. Mais simples que o ar. Mais simples que pular bueiros. Bem mais difícil que aprender a nadar em piscina de bolinhas. O ato de flutuar traz consigo uma necessidade de abstração completa. Ou seja, é necessário ver o escuro com os olhos fechados. O mais alto grau de abstração dos felizes. Desloco e relaxo a pressão que as costelas fazem na minha coluna levemente torta. Enfim a respiração toma um ritmo automático e os olhos entram em greve. O cérebro não pára, porém começa a caminhar para o mais inconsciente e obscuro dos lados.
O silêncio, nesse caso, é a prova de explosões químicas.

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