segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Vice, versa, vice.

As duas horas da madrugada de uma sexta-feira, Isabella escuta o som de um trem. Deitada em sua cama, de olhos fechados, imagina um acidente. O som crescente, o descarrilar, a provável explosão e o inevitável estrago. A menina se levanta, vai para a cozinha. Toma um copo d´agua e senta na mesa, encarando o relógio na parede que faz um tic-tac contido. Lentamente, Isabella se aproxima do contador, pega-o e arremesa na parede mais longe. Ela então desperta.

As duas horas da madrugada de uma sexta-feira, Jarbas observa, pela sacada, sua vizinha tomar banho por uma fresta qualquer. Imagina que tenha chegado de uma balada genérica e foi tirar o cheiro de cigarro ou de vômito seu ou de uma amiga qualquer. Provavelmente sem sono, a vizinha se recusara a dormir fedida. Jarbas, como qualquer bom moço, respeita a privacidade da vizinha observando-a com apenas um dos olhos abertos. O outro concentra-se em imaginá-la ao seu lado, dando um oi tímido e em seguida um beijo demorado e molhado. De súbito, um som surdo provindo de outro apartamento faz Jarbas piscar compulsivamente. Isabella então dorme profundamente, revirando os olhos, protegidos pelas pálpebras.

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